Não é mais novidade para ninguém que a tecnologia faz parte do nosso cotidiano e cada vez mais misturada com nossos hábitos e costumes.

A última novidade de grande repercussão na comunidade digital foi o anúncio do novo empreendimento de Mark Zuckerberg, um dos criadores do Facebook, agora incorporado pela marca guarda-chuva Meta: o Metaverso.

Em resumo, o Metaverso é uma nova aposta de uma combinação de três tecnologias que já existem: a realidade virtual, a realidade aumentada e a própria Internet. É um espaço virtual colaborativo onde se propõe interações mais realistas, beneficiada pela chegada do 5G, com mais possibilidades de negócios e imersão para consumo de produtos e serviços.

Como toda novidade tecnológica, acredito que seus idealizadores potencialmente possuem boas intenções e como perfeitos sonhadores que são, vislumbram em suas mentes o uso perfeito num cenário utópico ao melhor estilo “Os Jetsons”.

Porém, já tivemos uma breve experiência anterior com o saudoso Second Life, onde o rumo tomado pelo “jogo-rede social” não merece uma explicação extensa, apenas sugiro que mantenham seus filhos, especialmente menores de idade, longe. Se você é pai assim como eu, mãe ou responsável, é bom saber que sim, os “versos” já existem há algum tempo e honestamente não funcionaram da maneira que foi concebida.

É neste ponto que acredito precisarmos de uma reflexão: antes de nos aventurarmos em novos “versos”, vamos analisar como o nosso atual universo se encontra.

Estamos realmente maduros como sociedade para encarar mais este desafio, sendo que muitas vezes nem damos bom dia ao nosso vizinho? Como vamos participar de uma nova realidade virtual, sendo que na nossa realidade física estamos cada vez mais distantes? Como família, já tiramos os olhos do celular repentinamente e reparamos como nossos entes queridos estão tão perto e tão longe ao mesmo tempo? E o pior de tudo, neste exato momento testemunhamos pelos noticiários uma guerra em curso!

Acredito que ainda precisemos de algum tempo para consertar esse bug. No universo real não temos vidas infinitas, não tem outro eu ou outro você. É um jogo de múltiplas fases e apenas uma vida.

Mas temos o poder de trabalhar em atualizações, onde a jornada pode ficar mais leve e prazerosa.

Uma realidade virtual não pode ser espaço de escape da nossa própria realidade, mas sim uma expansão, adicionando uma camada extra de diversão.

Se quisermos expandir nossas experiências para aventuras num mundo virtual cheio de novas possibilidades, talvez precisemos puxar o freio como indivíduos e entendermos que é necessário estarmos totalmente integrados no universo real, de carne e osso, de olhos nos olhos, do toque, do sorriso, do choro, do abraço, do “bom dia”, “obrigado” e “eu te amo”.

Pois, independente do “verso” que experimentemos e vivamos, sempre haverá um ser humano do outro lado.