COLUNAS - COMPORTAMENTO


O que vamos dizer para os nossos filhos?
07/03/2022 10:16:42
Nunca estivemos expostos a tantos agentes externos capazes de provocar-nos reações e acabar por tirar-nos da zona de conforto. Primeiro a pandemia, agora a guerra na Ucrânia. Estes dois eventos funcionam como gatilhos mentais despertando em nós uma enxurrada de sentimentos por provocarem um choque de consciência, por exemplo, sobre a fragilidade e vulnerabilidade humana; do quanto não temos, realmente, o controle das coisas tanto quanto desejamos. Põem em xeque as pessoas e deparamo-nos, ainda, com a falta de empatia (apesar de nunca ter sido tão verbalizada) e a ausência do coletivo.

Para bem da nossa saúde mental contamos com mecanismos inconscientes, como a negação, que têm o “poder” de ajudar-nos a passar por tudo aquilo que nos desestabiliza, uma forte tentativa de poupar-nos e manter-nos equilibrados. É preciso que não pensemos muito sobre o que, no fundo, nos põe à prova, mas há dois anos estamos sendo fortemente confrontados. Apesar de tamanha angústia sentida quando isto ocorre, por um outro lado, ser tirados da zona de conforto e convocados a olhar ao nosso entorno, pode ser altamente produtivo. Segundo Freud, a frustração é necessária para levar-nos a pensar.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em uma entrevista falou sobre o temor do país deixar de existir e se isto realmente acontecer, acrescentou: “O que vamos dizer para os nosso filhos?”. Instantaneamente, como num passe de mágica, esta interrogativa permeada por medo funcionou para mim como um gatilho e me pôs a pensar, também. Enquanto pais o nosso maior objetivo é proteger e educar nossas crianças, nosso maior desejo é que cresçam felizes em um mundo pacífico. E, eis que surgem estes atravessamentos, que a realidade é escancarada! E o que eu vou dizer a minha filha se ela me questionar o que é uma guerra e o porquê que ainda acontece?!

Porque uma pandemia que perdura por mais tempo que imaginávamos e uma guerra que estoura em pleno século XXI são reflexos dos comportamentos humanos, ainda pouco inteligentes emocionais. A causa e a solução encontram-se em nós. Mais do que nunca é preciso aproveitar as pequenas grandes oportunidades que surgem na rotina para, com afinco, ensinar e exercer a solidariedade, a cooperação, a comunicação assertiva, a tolerância à frustração diante do nosso narcisismo ferido, o respeito e a sensibilidade à dor do outro, rever a nossa tentativa exagerada de controle, ter autocontrole dos impulsos destrutivos... A guerra que travamos todos os dias, aqui, ali e acolá reflete no coletivo. Engana-se quem pensa que nossas ações são isoladas. Somos todos responsáveis!


Luciele Monteiro Osório - Psicóloga

- Especialista em Transtornos da Infância e a da Adolescência na Clínica Interdisciplinar
- Especialista em Psicologia Jurídica - Ênfase(s) em Família (s)
- Especializanda em Neuropsicologia

Formada em 2008 pela Unifra, desde então atua nas áreas da Psicologia Clínica e Organizacional. Além disso é mãe da Laís, sua melhor experiência prática do desenvolvimento infantil, esposa, filha, irmã, tia, do lar... Enfim, assume multi papéis, o que é típico da mulher da atualidade.

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