COLUNAS - COMPORTAMENTO


Sobre os lixos que acumulamos (quando deveriam ser eliminados)
18/03/2024 00:00:00

Esses dias estávamos Laís e eu na cozinha, num dia normal e qualquer. A convoquei a limpar os farelos que haviam derrubado no chão, então foi quando pegou a vassoura e começou a varrer. Virei as costas e quando olhei, não vi mais nenhuma sujeira no chão, mas também não a vi pondo no lixo e foi a quando questionei sobre o que havia feito. E ela, sabendo que tinha feito meio certo e meio errado, com uma carinha que a denunciava falou que varreu os farelos para baixo do armário...

Pronto! Em instantes estávamos discutindo a relação, em uma DR que rendeu bastante. Acertando ou errando, não sei bem ao certo, prefiro aproveitar as oportunidades do dia a dia para orientá-la e levá-la a desenvolver um senso crítico e reflexivo sobre os acontecimentos, sobre o próprio comportamento e as possíveis consequências.

Enfim, voltando à varrida dos farelos para debaixo do armário, o que quis explicar naquela circunstância é que de nada adiantava ter feito aquele serviço “torto”, que a sujeira continuava ali, só não estava visível aos olhos. E que quando for solicitada ou se propuser a realizar uma atividade, que a faça por completo, que dê o melhor mesmo que o resultado melhor não seja garantido e que, por mais difícil que seja, precisamos cumprir todas as etapas de um projeto sem “atalhos” para que o objetivo seja alcançado verdadeiramente.

Aqueles olhinhos me olhando estavam compreendendo a moral da história e, inclusive, demonstrava pelos trejeitos uma certa vergonha pela solução rápida que havia encontrado, só que nenhum pouco eficiente e eficaz. Me senti, enquanto educadora, com a missão cumprida e, além disto, a situação foi me foi produtiva também, pois me trouxe reflexões importantes. Uma delas e a principal que venho dividir com vocês neste texto é:

Quantas vezes varremos as nossas emoções e sentimentos para baixo do armário? Quantas vezes procrastinamos e/ou resolvemos pela metade as nossas questões? Quantas coisas preferimos escondê-las de nós mesmos ao invés de resolvê-las e, de uma vez por todas dar fim ao desconforto? Quantas vezes atalhamos para não sentir dor momentânea, mas a causa da dor continua ali pronta para agir novamente?

Aquilo que dói, desconforta, incomoda... é evitado e negado. É um mecanismo de defesa da mente. No entanto, assim como os farelos que continuavam ali (apenas escondidos), a causa do incômodo emocional – se não a enfrentada e varrida – continuará sendo lixo, lixo mental e continuará enchendo de sujeira as nossas vidas, comprometendo o nosso equilíbrio psicológico.

Eu sei que a Laís quis burlar a etapa do processo de varrer e juntar a sujeira com a pazinha de lixo, porque ela considera ainda difícil. E eu sei também que nós evitamos toda hora enfrentar muitas coisas por ser difícil. Porém, é uma saída pouco inteligente à medida que acumular lixo e/ou coisas mal resolvidas trarão, sem dúvidas, um prognóstico.

Após o meu insight, das coisas mal varridas e só escondidas e que não se trata só de migalhas de pão, chamei a Laís e completei o nosso papo. Conversamos mais um pouco e entendemos juntas que qualquer coisa que não resolvermos e só escondemos, nunca será solucionado.

Ela é uma menina super inteligente e tem apenas nove anos. Tem um potencial enorme, mas é responsabilidade nossa – de pai e mãe – direcioná-la, dirigi-la para canalizar toda a capacidade que tem para o bem. Educar nunca foi fácil, mas é extremamente gratificante.

Espero que a nossa DR seja válida para outras pessoas também, que reflitam profundamente se suas atitudes são de eliminar ou acumular “lixo”!

 


Luciele Monteiro Osório - Psicóloga

- Especialista em Transtornos da Infância e a da Adolescência na Clínica Interdisciplinar
- Especialista em Psicologia Jurídica - Ênfase(s) em Família (s)
- Especializanda em Neuropsicologia

Formada em 2008 pela Unifra, desde então atua nas áreas da Psicologia Clínica e Organizacional. Além disso é mãe da Laís, sua melhor experiência prática do desenvolvimento infantil, esposa, filha, irmã, tia, do lar... Enfim, assume multi papéis, o que é típico da mulher da atualidade.

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