Na semana passada, mais precisamente na terça-feira, fiz algo inusitado: Minha pequena grande família e eu, já num horário que costumamos estar acomodados e até dormindo, ficamos em frente à televisão olhando atentos a final do BBB.
E jogo que não éramos só nós os estreiantes realizando este feito!
Provavelmente haviam muitas outras pessoas que sequer acompanharam o programa em nenhuma das edições, mas que estavam ali, envolvidos no programa global e, por uma única causa: Movidos pela identificação coletiva.
Mesmo sem acompanhar diariamente foi fácil sentir-se atraída para dar umas espiadas “na casa mais vigiada do Brasil” e acompanhar nas redes a evolução do nosso representante Matteus no jogo. Tornou-se admiravelmente prazeroso ao passo que “O Alegrete” gerava em nós sentimentos de identidade, de empatia, de reconhecimento até o ponto de não torcermos para uma única pessoa e sim para que o Rio Grande do Sul, na pessoa dele, fosse campeão!
O jeito de falar, de vestir-se, os comentários que tecia sobre as nossas coisas, o sentimento explícito de amor pela nossa cultura, enfim, ali demonstrados em rede nacional ia nos mobilizando diariamente. Este rapaz, gaúcho, que é gente como a gente provocou em massa dois importantes mecanismos de defesa: A, então, identificação e a projeção.
Se aquele rapaz ali, figura típica de um gaúcho de costumes arraigados, bondoso, que saiu do interior, do campo, que estudava na Unipampa e que acabou chegando onde chegou e que tão bem nos descreve e nos representa...
... Ah isto quer dizer que realizações são possíveis para todos que são assim, igual a ele, então?! Sim, claro que sim e, por isso a realização dele é a nossa e isto traz uma enorme satisfação a todos.
E é por isso que eu ouso a dizer que, de menino simples do Alegrete tornou-se praticamente um fenômeno no nosso estado e que o próprio Matteus demonstra estar assustado diante de tantas mobilizações e homenagens recebidas.
Realmente ele não deve ter a mínima noção dos inúmeros gatilhos emocionais que despertou nos gaúchos e que hoje, a partir dele, nos sentimos vitoriosos, reconhecidos e identificados por um representante, sobretudo, honesto e de “bons costumes”. (Os quais – infelizmente – estão escassos e por isso, nos causam tanta admiração e ao mesmo tempo espanto quando vemos a pureza de alguém).
Sucesso ao Matteus e obrigada, também, por ter nos despertado bons sentimentos, por ter nos enaltecido, contribuído para a nossa autoestima, por despertar esperança e por deixar claro, em pleno século XXI, que povo que tem virtude não se tornará, jamais, “escravo”.
Que no jogo da vida tenhamos sempre outras tantas oportunidades de relembrar, fortalecer e enaltecer nosso senso de pertencimento e a nossa identidade. Precisamos muito disto de tempos em tempos para lembrarmos quem somos, de onde viemos e para onde queremos ir.