Previsibilidade e constância estão longe de ser caprichos e ou querer exigir muito da vida. São situações que buscamos a todo momento através de rotinas previamente estabelecidas e organizadas, assim como planejamentos frente a todo e qualquer sinal de mudança. Pois, a sensação de ter tudo organizado externamente nos traz uma satisfação excepcional, que tranquiliza ao passo que nos dá a impressão (é somente uma impressão) de controle sobre as coisas.
Criamos um planejamento que às vezes é só mental, mas já suficiente para trazer uma espécie de conforto e assim seguimos o fluxo. Elencamos prioridades e nos organizamos física, mental e materialmente para supri-las. Pessoas com uma mínima dose de inteligência emocional e moderação agem assim e é assim que o livro da vida vai sendo escrito. A isto podemos dar o nome de estabilidade que vem justamente quando conseguimos atingir um bom nível de previsibilidade e constância.
Mas como eu sempre brinco: Em dia de sol é fácil a praia ficar cheia, né?
Com tudo correndo conforme os planos é bem mais fácil manter-se estável emocionalmente, não é mesmo?
Difícil mesmo é manter a “linha” quando somos surpreendidos por algo (ou alguém) que não estava nos nossos planos. Então, é chegada a hora de testar a nossa real capacidade de resiliência, a nossa verdadeira estabilidade emocional e a grande capacidade de reinventar-se e tirar quantas cartas da manga forem necessárias para dar conta da nova realidade e tão nova mesmo que não estava sequer sendo pensada!
É claro que tudo que é novo é ansiogênico e tudo que toma um rumo diferente dos planos também é. São situações que expõem a nossa vulnerabilidade através de escancararem que, na real, nem tudo está sob nosso controle. E nestes casos até mesmo as surpresas boas, primeiramente, desconcertam e são causadoras de ansiedade, acredite – exigindo de nós – estratégias de ressignificar a atual realidade.
Se o susto e junto dele a paralisia frente a algo que fugiu do script são normais inicialmente, a apatia e a dificuldade em aceitar aquilo que não será mudado, permanecendo no estado de barganha ou frustração, não são condutas saudáveis emocionalmente. Pessoas que foram treinadas a lidar com frustrações e a adaptarem-se às mais diversas situações ao longo da vida tendem a ser mais resilientes e, contudo, mais positivas para fazer os enfrentamentos e adaptações. Em contrapartida, quem possui uma rigidez cognitiva e ou não administra bem a ansiedade deixando os seus medos tomarem grandes proporções possuem uma baixa performance diante das voltas que a vida dá.
É mais benéfico e restaurador conseguir olhar para o copo e vê-lo como “meio cheio” ao invés de “meio vazio”. A Psicologia Positivista nos ensina a ser mais positivos e usar esta estratégia para fazer o enfrentamento de experiências novas, tanto as ruins quanto as boas, sempre buscando enxergar o lado bom de tudo que ocorre conosco. Se for preciso, que não esteja tão explícito, use uma lupa, pois sempre haverá algo de positivo.
O importante é ter sabedoria para dar conta da enxurrada de sentimentos trazida por uma novidade, validar e acomodar as emoções, buscar um olhar positivo para que, então, aquela velha e tão necessária sensação de estabilidade junto à previsibilidade volte a reinar em nossos dias!
E tu, como lidas com as voltas que a vida dá?