COLUNAS - COMPORTAMENTO


Férias de Julho
23/07/2024 00:00:00
Sempre tive a certeza que os filhos vêm para nos ensinar tanto quanto ou até mais que ensinamos a eles. Deveria ser 2017, Laís tinha seus 3 para 4 anos e saiu de férias das atividades escolares, naquela época da Garatuja. Comemoramos o recesso até o momento em que ela, sempre super desenvolvida, me perguntou sobre a nossa programação para os dias que não iria para a escola e... Não havia nenhuma programação, ao menos para os dias da semana, pois o pai dela e eu seguiríamos a nossa rotina de trabalho normal e, então, logo de cara percebi a frustração acompanhada de uma contestação, que não havia porque ela tirar férias, pois ficaria longe dos amigos e também de nós. 
Naquele momento, em questão de segundos, revi os meus conceitos. Percebi que a nossa presença junto a ela e a oportunidade de aproveitarmos momentos juntos era muito, muito importante para a Laís (e para todas as crianças, diga-se de passagem). Felizmente eu sempre tive uma certa flexibilidade quanto aos meus horários de trabalho, apesar de normalmente dedicar um tempo bem significativo ao consultório e, naquele dia mesmo adequei a agenda sem deixar ninguém dos pacientes na mão e nem a minha filha. Foi a primeira vez que me dei o direito de parar uns dias para, simplesmente, ficar em casa com o ano correndo de vento em popa.
Desde então, de lá pra cá, a última semana de julho está riscada na agenda de atendimentos e aberta para criar memórias afetivas e aumentar a conexão com a família. Mas confesso que não foi fácil fazer isso sem parecer estar na contramão do mundo e sem sentir uma dose razoável de culpa!
Afinal, é fácil sentir desconforto em parar quando o sucesso, interpretado pela massa e de forma distorcida, é medido por uma rotina exaustiva, horas a fio comprometidas com trabalho e agendas atribuladas que não permitem tréguas. Quanto mais a pessoa trabalha, quanto menos tempo tem livre e mais sobrecarregada é, mais parece ter uma carreira bem-sucedida. Não é mera coincidência que a Síndrome de Burnout afeta milhares de pessoas e a saúde emocional dos Brasileiros está em xeque.
Com o passar do tempo e com o auxílio da Laís, que me levou a ressignificar um aspecto importante da minha vida, hoje tenho para mim e de forma muito clara que o meu sucesso profissional, além dos meus estudos constantes e dedicação no dia a dia da Psicologia Clínica está atrelado ao tempo que tenho de lazer, de convivência familiar, de descanso e oportunidades de recarregar as baterias. Hoje não me sinto mais culpada quando saio à rua em um dia de semana e por descansar antes da bateria zerar por completo. Isso foi um divisor de águas, libertador e sinônimo de bem-estar.
Até porque se as férias não fossem importantes não seria uma lei, né?! 
Por muito tempo, para profissional liberal que sou, parecia que isto não cabia no meu contexto, mas ainda em tempo pude descobrir a “receita” do meu sucesso: Cuidar da minha saúde mental em primeiro lugar para promovê-la a quem me busca. E entendi que se desligar da rotina e baixar a rotação não é feio ou errado, é essencial e que (tentar) cuidar de forma sincronizada de todos os setores da minha vida, sem atenção de mais ou de menos para algo ou alguns, para mim significa PAZ. 
Tu vens, tu vens... eu já escuto os teus sinais...  Mais uma semana de férias junto à Laís à vista! Em agosto eu volto a ficar on e “novinha em folha”. 
 

Luciele Monteiro Osório - Psicóloga

- Especialista em Transtornos da Infância e a da Adolescência na Clínica Interdisciplinar
- Especialista em Psicologia Jurídica - Ênfase(s) em Família (s)
- Especializanda em Neuropsicologia

Formada em 2008 pela Unifra, desde então atua nas áreas da Psicologia Clínica e Organizacional. Além disso é mãe da Laís, sua melhor experiência prática do desenvolvimento infantil, esposa, filha, irmã, tia, do lar... Enfim, assume multi papéis, o que é típico da mulher da atualidade.

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