COLUNAS - COMPORTAMENTO


Setembro Amarelo
11/09/2024 00:00:00
A campanha de amarelar o mês de setembro vem tomando forma e força no decorrer dos anos e muito disso, para além das redes sociais darem uma mão com a divulgação deste enfoque, é porque parece que – felizmente – está acontecendo um maior entendimento e preocupação das pessoas em relação à saúde mental.
Uma prova bem realista foram os inúmeros depoimentos dos atletas olímpicos, justificando que muito de suas performances de campeões estavam atreladas ao preparo, também, emocional. Apesar de ainda haver preconceito, porque sim, ainda existe, há também uma maior expressividade e abertura das pessoas admitirem que buscam autocuidado, que estão em processo psicoterapêutico e o quanto isto é determinante para o sucesso (seja pessoal ou profissional). Em relação às crianças também, com tanta informação acerca do desenvolvimento infantil em sua totalidade, os pais têm tido maior consciência da importância de certos marcos, de validar os sentimentos, de investir em uma educação mais positiva e com isso, uma maior adesão às terapias que promovem bem-estar, físico e psicológico. 
Estamos a caminho de recuperar os danos causados pela desinformação e pelo preconceito, quando ainda não tinham olhares cuidadosos e amorosos para além da saúde física. Mas ainda temos muito que informar e, sobretudo, compreender. Compreender os outros e a si mesmo!
Quando compramos um eletrônico novo, ele vem com manual. É normal que este seja lido a fim de entender o funcionamento do aparelho e ser mais fácil o seu manuseio. Porém, somos sábios em aprender e saber como tudo funciona, só que bem pouco experientes em saber como nós mesmos funcionamos. E como o ser humano não vem com manual, a inteligência emocional e a capacidade de lidar com situações adversas vêm do autoconhecimento e autocuidado.
Muitas pessoas estão sofrendo, sufocadas por uma ansiedade, por exemplo, sem sequer reconhecer que são sintomas de um transtorno ansioso. Da mesma forma, depressivos ou distímicos, que têm suas vidas afetadas e não sabem reconhecer a causa mental dos prejuízos. Ou ainda, crianças ditas “teimosas”, repletas de rótulos e dificuldades sociais, que não são diagnosticadas corretamente e acabam tendo autoestima e autoconfiança devastadas, que crescem acreditando que são “impossíveis” e incapazes.
A cegueira, seja por falta real de conhecimento e de não ir buscá-lo ou porque, simplesmente, não ocorrem paradas com interesse de compreender a si ou ao outro, é implacável – de forma negativa – para a saúde mental de qualquer um, independentemente da idade. Por isso sempre digo que o conhecimento é libertador e, este conhecimento primeiramente parte de conhecer a si mesmo e depois, de todo o nosso entorno. 
O conhecimento de que “algo está funcionando diferente”: Comportamento, humor, emoções a flor da pele, enfim, é o primeiro passo para a busca de bem-estar e, o segundo é buscar ajuda. A autopercepção antecede à ligação para marcar a primeira sessão de psicoterapia, junto à humildade que nos permite entender que está tudo bem em não dar conta de tudo e que é óbvio que, um dia ou outro, precisaremos de apoio. E em relação às crianças e adolescentes que pela imaturidade têm dificuldades de validarem os próprios sentimentos e fazerem uma autoanálise, o olhar atento precisa partir dos adultos que estão por perto. É por demais importante interessar-se em entender a si mesmo ou ao outro e assim, não chegar ao ápice da dor...
Olhar atento e cuidadoso previne adoecimento e, inclusive, salva vidas. Mesmo na correria do dia a dia atente-se a isso: Olhe e dê atenção para quem realmente mais importa!
 

Luciele Monteiro Osório - Psicóloga

- Especialista em Transtornos da Infância e a da Adolescência na Clínica Interdisciplinar
- Especialista em Psicologia Jurídica - Ênfase(s) em Família (s)
- Especializanda em Neuropsicologia

Formada em 2008 pela Unifra, desde então atua nas áreas da Psicologia Clínica e Organizacional. Além disso é mãe da Laís, sua melhor experiência prática do desenvolvimento infantil, esposa, filha, irmã, tia, do lar... Enfim, assume multi papéis, o que é típico da mulher da atualidade.

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