Período de férias acabando e vem surgindo a necessidade de reorganizar a rotina. Com os meus pacientes e familiares já venho trabalhando sobre isso em nossas sessões algumas semanas e, em casa, também. Não tem como deixarmos para a última hora para recuperarmos os hábitos perdidos, reorganizarmos os horários que foram atípicos durante o recesso escolar e, talvez a tarefa mais árdua de todas: Encolher novamente o tempo de uso de telas...
A orientação é clara e direta: Telas não são brincadeiras, não substituem brinquedos e nem convivência social. Além do que nunca devem ser usadas de maneira demasiada, em período algum, nem nas férias. Porém, quem é pai e mãe ouve diariamente exclamações advindas dos filhos do tipo “não tenho nada para fazer! ”, “isso é chato! ”, “só mais um pouquinho! ”, “mas eu estou de férias!” e... pronto: Ligeiramente somos vencidos e o tablet, o celular, o vídeo game passam a estar mais presentes do que realmente deveriam a ponto de causar dependência e influenciar em cheio os comportamentos – principalmente – de crianças e adolescentes neuroatípicos.
Sabemos que a geração dos nossos filhos é uma geração naturalmente digital podendo, inclusive, tirar muito proveito de tamanha facilidade e conhecimento tecnológicos quando bem manejados, supervisionados e regrados. As telas não são problemas, o problema é o uso ilimitado. E quando há este uso indevido que acarretou ou acarretará problemas no desenvolvimento da criança é sinal que, anteriormente, houve uma falha no sistema familiar que permitiu que assim fosse. Pelo menos eu penso assim!
Chegamos a um ponto que a dependência digital virou transtorno e passou a estar presente nos manuais diagnósticos de transtornos mentais. A nomofobia é medo irracional de ficar sem o celular, de não conseguir acessá-lo, que então, caracteriza uma patologia. É vício e é sofrimento!
E sem falar no sofrimento, o uso doentio de telas desencadeia outros sintomas que se confundem com outros transtornos, como por exemplo, não é autista, mas possui dificuldade em comunicar-se socialmente; não é TDAH, mas é desatento e impulsivo; não tem transtornos de aprendizagem, mas possui déficits na leitura e na escrita e por aí vai. E se isto não fosse tão preocupante e comprovado cientificamente a Lei nº 15.100/2025 que já está vigor e que restringe o uso de celular nas escolas não teria sido criada a aprovada.
E essa lei é “correta”? Tudo aquilo que causa prejuízo precisa de regras. O que me incomoda é o fato de que o Estado precisou intervir e “invadir” o espaço da família. Como já citei antes, era a família que deveria estar atenta e estabelecendo acordos de antemão. Somos nós pais que, errando, acertando e tentando devemos ocupar-nos de zelar pela saúde física e emocional dos nossos filhos.
Foi preciso uma Lei. Partimos do 8 para o 80. Agora não pode mesmo, portanto não precisaríamos ter chego a esta interdição se antes tivéssemos nos preocupado em fornecer uma “educação digital”. Nem muito, nem pouco e sim o suficiente. Não adianta proibir o que está no DNA de uma Geração Alfa, mas como tudo na vida, precisamos de equilíbrio.
Não é uma simples tarefa, não é. Temos que ser pais muito criativos e persistentes para ir de encontro ao que é extremamente rápido, moderno e, num clic, oferta altas doses de dopamina e, tão altas que se tornam prazerosas a curto prazo e prejudiciais a médio e longo devido à grande excitabilidade provocada.
Feliz retorno às aulas, boa-sorte a todos nós. Que tenhamos discernimento, paciência e foco para reorganizarmos a rotina dos nossos pequenos!
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