Aparentemente são gestos tão fáceis: Elogiar e permitir-se ser elogiado, mas há quem não é muito bom nisto, não!
O elogio, tanto para quem dá quanto para quem o recebe, é extremamente edificante, eleva a autoestima, promove autoconfiança e desperta, além de satisfação, o desejo de continuar evoluindo e de tornar-se cada vez melhor. Mas ao mesmo tempo que possui uma lista vasta de benefícios, ouvir ou verbalizar um julgamento favorável, pode causar incômodos e desconforto...
E foi sobre isso que me pus a pensar e analisar quando recentemente fui agraciada com um prêmio, como Psicóloga e, que o recebi com misto de alegria (obviamente) e não nego, também, desconforto. Cogitei agradecer e não ir receber o troféu, pois o meu pensamento insistia em repetir que não precisava. Assim seguiria feliz e discreta, sem holofotes. Até que a pequena grande Laís, minha filha de oito anos, me “nocauteou” e falou com propriedade, em alto e bom tom, que eu deveria dizer sim:
_“Mãe, tu não pediu para ser votada, as pessoas votaram em ti e é porque acham que merece, não tem porque ter vergonha.”
E assim foi, ela e eu fomos receber o nosso prêmio na noite do 13 de Maio, em um lindo evento. Após o primeiro impacto e o quase “não”, aceitei o elogio, me permiti sentir o gostinho bom e com ele ser injetada de altas doses de motivação, alegria e ainda mais satisfação!
E afinal de contas, por que existe desconforto?
Porque simplesmente temos crenças limitantes arraigadas que nos influenciam nestas situações. A forma que fomos educados, os valores e os hábitos transmitidos de geração para geração favorecem ou dificultam entregar, receber palavras e gestos de reconhecimento.
E grande parte destas crenças se instalam na infância quando, por exemplo ao receber um mimo ou presente, nos ensinaram a dizer “não precisava!” ou ainda pelo medo de transparecer ser arrogante “ou se achar” perante os outros. Isto dificulta, em suma, a capacidade de aceitar, de receber, de permitir-se como se não fosse de fato merecimento, mas sim vergonhoso. Grande equívoco!
E quem não sabe receber elogio - que pode ser limitado em virtude das crenças e/ou por insegurança e baixa-autoestima (aqui uma situação mais delicada e que necessita de atenção, quem sabe acompanhamento psicológico) - acaba por não saber elogiar e criar conexões com outras pessoas a partir do ato sincero de reconhecê-las positivamente.
No entanto nunca é tarde para avaliarmos a quantas andam e como está o nosso comportamento frente a estas situações de afirmação. Porque bem da verdade quando não melhoramos neste aspecto estaremos perdendo oportunidades de... aprender a ver o lado positivo das coisas e das pessoas.
Pois, elogiar e ser elogiado gera um enorme impulso cerebral, acarretando em uma sensação tão, mas tão gostosa que é viciante. Com isto, quando mais se dá e se recebe, o cérebro está sendo exercitado para enxergar o lado bom da realidade, tornando-a mais feliz!
Ainda bem que eu aprendi a lição!