COLUNAS - COMPORTAMENTO


Quando a dor do luto também é da criança: Como proceder?
06/07/2023 00:00:00

            A natureza é sábia, uma engrenagem perfeita que dentre suas perfeições estão os ciclos que iniciam ou encerram dando movimento e dinamismo à vida.

            Em dois extremos temos o nascimento de uma vida e no outro, a morte. A alegria que está presente em um, não está no outro – apesar de sabermos que a morte é inevitável e uma certeza, mas perder quem se ama é sempre dilacerante.

            Lidar com encerramentos de ciclos emana dor e luto. Sempre!

            A saída de um trabalho; o término de um relacionamento amoroso; a conclusão de um projeto; a venda de um bem, enfim, tudo aquilo que nos desperta a sensação de fechamento de ciclos desencadeia um processo de luto. E ao longo da vida vivenciamos inúmeros lutos, o que não é totalmente ruim, pois estas pequenas (ou nem tanto) tristezas proporcionam resiliência à medida que vamos as enfrentando e administrando.

            Resiliência esta tão necessária para lidarmos com perdas imensuráveis e irreversíveis.

            O luto é uma reação emocional tão natural e tão difícil ao mesmo tempo. É assim para todas as idades, também para as crianças. Embora muito similar aos adultos, o luto infantil guarda algumas peculiaridades acerca da capacidade de compreensão da morte.

            Conforme a idade e as experiências já vividas, o pequeno terá mais ou menos noção, pode pensar que é possível “morrer um pouquinho e voltar”, misturar fantasia e realidade até ter a compreensão total do fato, dos seus sentimentos e sentimentos dos outros.

            É sempre tentadora a opção de poupar as crianças da real situação, de falar sobre a doença ou morte, porém nunca será a melhor opção. É preciso dialogar com honestidade e transparência. Responder as mesmas perguntas quantas vezes for necessário, repetir a acolhimento tanto seja solicitado até que as fichas, de uma vez por todas, caiam e sejam reorganizadas.

Seja tão honesto a ponto de não precisar esconder os seus próprios sentimentos, pois a criança pode presenciar sua tristeza e como é possível se recompor depois de chorarem juntos. Esta lição e exemplo é sobre superar. Ser transparente e verdadeiro é também entender, aceitar que não precisam existir respostas para todas as perguntas, até porque o mais importante que dar respostas técnicas e polidas é validar todas as manifestações do luto, no tempo particular e individual que cada um terá para dar conta da sua dor.

 Em geral, quando a dor do luto é vivida plenamente, com espaço para conversa e elaboração dos sentimentos, ele se conclui naturalmente. A fase final do luto vem com a aceitação, que abre espaço para um novo modelo de vida sem aquela pessoa que se foi – mas com as lembranças e ensinamentos que ela deixou.

É para ser assim, mas se por ventura o processo se prolongar mais do que deveria, com prevalência de sentimentos de tristeza, autopunição, isolamento e recusa em falar sobre, influenciando a qualidade de vida e atividades ocupacionais das crianças, talvez seja hora de buscar apoio e ajuda profissional. Não hesite!


Luciele Monteiro Osório - Psicóloga

- Especialista em Transtornos da Infância e a da Adolescência na Clínica Interdisciplinar
- Especialista em Psicologia Jurídica - Ênfase(s) em Família (s)
- Especializanda em Neuropsicologia

Formada em 2008 pela Unifra, desde então atua nas áreas da Psicologia Clínica e Organizacional. Além disso é mãe da Laís, sua melhor experiência prática do desenvolvimento infantil, esposa, filha, irmã, tia, do lar... Enfim, assume multi papéis, o que é típico da mulher da atualidade.

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