COLUNAS - ECONOMIA


A baixa qualidade na formação e a baixa produtividade
29/11/2023 00:00:00

Ao matricular uma criança ou um adolescente em uma escola, quantos pais ou responsáveis questionam a instituição sobre a formação dos professores que ali trabalham? Aliás, quantos professores têm especialização, mestrado ou doutorado em suas áreas de atuação? É um ponto de atenção que chega a influenciar na escolha da escola? Ou somos sensíveis ao preço praticado? Ou será que, no caso de escolas particulares, a preocupação maior reside na análise da infraestrutura do local, com atenção aos currículos bilíngues e tecnológicos? Já nas públicas, não há o que questionar! Escolher, seja lá o que for, raramente é uma opção e dar a sorte de conseguir uma vaga em uma boa escola já é motivo de alegria para toda a família e se for perto de casa, melhor ainda. Não se trata de culpar alguém pela falta de atenção dada a este aspecto importantíssimo na análise da qualidade da educação ofertada. Afinal, na nossa cultura nunca fomos preparados para ter esse olhar. Inclusive, também não é comum ver pais ou familiares preocupados em analisar a política pedagógica da instituição, o que inclui entender o método de ensino, as estratégias de avaliação adotadas e o foco da aprendizagem. Geralmente acabamos por replicar a indicação de amigos que estudaram ou têm filhos em determinado colégio ou instituição. A baixa qualidade da formação dos docentes brasileiros (agravada pela pandemia), principalmente daqueles recém-saídos das universidades, é uma realidade que não pode ser ignorada e que tem reflexo direto na qualidade do ensino, seja em escolas públicas ou particulares. Segundo levantamento do Ministério da Educação de março de 2023, dos 7.512 cursos aptos a funcionar no país, sendo 4.750 de licenciatura, 2.020 de bacharelado e 742 tecnológico, 605 foram avaliados com qualidade insatisfatória, ou seja, receberam notas de 1 e 2 em uma escala de vai até 5. É frustrante atestar que entre os cursos com as piores notas recebidas estejam os de Pedagogia, História e Letras, principais responsáveis pela formação dos futuros professores, aqueles mais fortemente envolvidos com a alfabetização. São muitas as razões que culminam nesse resultado, dentre elas o fato de muitos cursos serem ofertados na modalidade a distância por meio de metodologias de ensino que não contribuem adequadamente para a formação. De acordo com dados do último Censo da Educação Superior, o número de vagas em cursos de graduação em ensino a distância cresceu 23,8% de 2020 a 2021, enquanto a oferta na modalidade presencial, no mesmo período, teve queda de 2,8%. Já em relação às matrículas, havia 8.986.554 alunos no ensino superior em 2021. Desse total, os estudantes de graduação EAD representavam 41,4%. Quando analisados somente os cursos de licenciatura, essa porcentagem sobe para 61%. Embora a EAD seja uma maneira legítima de fechar lacunas no ensino brasileiro e promover a inclusão por chegar aos rincões do país, ela não pode ser feita de qualquer maneira. É importantíssimo garantir a melhor experiência para o estudante e promover uma vivência que o engaje em momentos de aprendizagem significativa.  Entender quem é esse estudante, quais os gaps advindos da educação básica para buscar saná-los antes de introduzir o currículo previsto no curso superior, compreender como ele interage com a tecnologia, que tipo de acesso à internet ele geralmente dispõe, quanto tempo tem para estudar, quais as estratégias e recursos para ensinar que mais o atraem são apenas algumas das atividades que não podem ser ignoradas. Além dos conhecimentos acadêmicos, é fundamental que os professores desenvolvam habilidades socioemocionais, como empatia, resiliência e inteligência emocional, habilidades tecnológicas e aprendam a ter um olhar atento e diálogo com a comunidade do entorno. Todos esses aspectos são fundamentais para lidar com a diversidade de perfis e necessidades dos alunos e ajudam a promover um ambiente acolhedor e estimulante, capaz de estabelecer relações de confiança entre as partes. Os problemas educacionais do país são inúmeros, não importa para qual estatística se olhe, mas me parece urgente pensarmos fortemente na qualidade da formação dos profissionais que estão ou estarão no dia a dia dialogando com nossos filhos e ajudando a formá-los como cidadãos críticos e participativos na sociedade do século XXI. Se não dermos a devida atenção para a educação, o que significa inclusive investir na formação e valorização do professor, estaremos cada vez mais reféns e suscetíveis a situações de violência e risco, fruto de uma sociedade sem oportunidades. 

 

Prof. Dr. Mateus Sangoi Frozza

Economista – Coordenador MBA Gestão de Pessoas e Negócios Estratégicos, Coordenador Especialização em Direito Processual Civil na Universidade Franciscana (UFN)


Mateus Sangoi Frozza - Economista

Economista e Professor da Universitário.

Foi Coordenador dos cursos de Ciências Econômicas e Administração da Universidade Franciscana (UFN).

Secretário de Finanças no Município de Santa Maria (2019/2021).

CEO da Tride3 Consultoria e Treinamentos

ACOMPANHE

|
|
ENDEREÇO

Rua Benjamim Constant, 906
Galeria Confiança • Sala 102 C
Centro • Caçapava do Sul, RS
CEP: 96570-000

HORÁRIOS DE ATENDIMENTO

De Segundas a sextas:

• Das 9h às 12h pelo (55) 9.9981-8101

• Das 14h as 17h30 atendimento presencial

JORNALISMO, PUBLICIDADE e ANÚNCIOS

(55) 9.9981-8101

jornalismo@farrapo.com.br

© 2024 PORTAL FARRAPO. Todos os direitos reservados.

Desenvolvimento: