COLUNAS - ECONOMIA


Sobre Delfin Netto, Santo e Vilão!
26/08/2024 00:00:00

Em recente post nas redes socias, mais precisamente em vinte e um de agosto de 2024, o autor Pedro Cardoso conhecido pelo papel de Agostinho Carrara na série A Grande Família, da Globo, iniciou dizendo: "Serviu à ditadura militar torturadora de 61, 64, 68. A ditadura que assassinou pessoas que a ela se opunham, como todas as ditaduras o fazem", destacou. Esta manifestação, referia-se as mortes de Silvio Santos e Delfin Netto, sendo o último objeto deste artigo. O ator inda complementou “a morte parece redimir automaticamente abusadores do Brasil, sinto-me ofendido", afirmou.

Pois bem, quem foi Antônio Delfin Netto, até tornar-se “Czar da Economia”, como era chamado pela imprensa simpática ao governo, foi rápida. Começou como Office Boy numa empresa de creme dental, estudou na Universidade de São Paulo (USP), onde concluiu seu doutorado com uma tese sobre o café, instituição que também ingressou como professor. Daí em diante, foi “um pulo” até chegar ao Ministério da Fazenda. Tentou chegar ao governo do estado de São Paulo, ainda durante a ditadura pelo partido oficial (Arena), mas foi vetado por Ernesto Geisel que não gostava dele. Acabou sendo recompensado com a Embaixada em Paris, onde adquiriu muitos livros que iriam fazer parte do acervo que, alguns anos antes de sua morte, iria doar para a universidade. 

Responsável pela “Milagre Econômico”, que sem dúvida foi um período de grande prosperidade econômica, com o Produto Interno Bruto (PIB), nos anos do auge (1970-1973), crescendo cerca de 10% e o setor industrial, em média, 14%. Números extraordinários em comparação com as taxas de crescimento verificadas desde os anos 1980 para cá.  Ressaltasse que a economia brasileira foi favorecida por uma conjuntura externa extremamente favorável.

Nesse círculo virtuoso do investimento, o emprego aumentava e a renda crescia. O multiplicador dos gastos do governo era maior do que 1, ou seja, cada real investido gerava uma receita maior que o gasto. O salário médio também cresceu, porém, o mesmo não acontecia com os salários mais baixos, que eram corrigidos abaixo da inflação. Em 1973, a inflação oficial foi de 15%, porém, a inflação verdadeira teria sido de 24%. Quando o “Milagre Econômico” acabou – uma parte explicável pela alta do preço do petróleo e, outra, pelo aumento da inflação nacional – os militares foram embora e a democracia ressurgiu. Mas Delfim não foi pego de surpresa: elegeu-se por vários mandatos como deputado federal por um partido de direita (PP). Delfin, podemos afirmar que foi uma figura controvertida: para a direita, foi o herói que criou o chamado “Milagre Econômico”; para esquerda, foi conivente com a tortura e votou a favor do Ato Institucional nº5 que “endureceu” a ditadura.  Mas como já afirmara Lord Keynes, "se as circunstâncias mudam, eu mudo de opinião; o Sr. não?"


Mateus Sangoi Frozza - Economista

Economista e Professor da Universitário.

Foi Coordenador dos cursos de Ciências Econômicas e Administração da Universidade Franciscana (UFN).

Secretário de Finanças no Município de Santa Maria (2019/2021).

CEO da Tride3 Consultoria e Treinamentos

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