Sim você deve estar em uma bolha de consumo! Para muitos especialistas da cultura e da tecnologia, o que explica essa fidelidade que desenvolvemos com um gênero específico no streaming, ou mesmo com uma temática nas redes sociais, é uma tecnologia discreta, mas que há anos é o foco de investimento das big techs: os algoritmos, ou seja, as recomendações do Netflix, do Spotify, Amazon seguem uma lógica. De acordo com Carlos Rafael Neves, professor do curso de ciências de dados e negócios da ESPM, existe uma discussão constante sobre os algoritmos serem os responsáveis por nos manter dentro de uma bolha de consumo.
Realmente, eles funcionam como um cercadinho, nos oferecendo cada vez mais sobre um tema de que gostamos, mas o pesquisador, acredita que existe um truque: os algoritmos também conseguem diversificar as sugestões com base em análises de usuários com gostos similares aos seus. Então, ocasionalmente, você vai ampliando o seu nicho de consumo, mas sem sair da bolha. Fidelização é realmente o porquê de empresas como Meta, Netflix e Spotify, líderes em seus respectivos mercados, investirem pesado na tecnologia para impulsionar os seus negócios. Segundo Kefreen Batista, vice-presidente de tecnologias da consultoria digital Globant, a ideia é que, ao personalizar a experiência do usuário, essas empresas conseguem aumentar o engajamento e a fidelização, o que se traduz em receitas, seja por meio de assinaturas, seja por publicidade, seja por vendas de conteúdo.
Dentro das plataformas de streaming e das redes sociais, os algoritmos são utilizados para processar grandes volumes de dados, realizar análises, identificar padrões e tomar decisões com base nessas informações. Com esses insights, as plataformas conseguem entregar conteúdos, anúncios e experiências específicas para cada usuário. Da mesma forma que os algoritmos ditam qual conteúdo as plataformas entregarão para um usuário, eles funcionam como uma bússola que, ao identificar tendências e oportunidades de mercado, orienta sobre onde alocar recursos para desenvolvimento e inovação. Entre as tomadas de decisões que orientam as empresas, os algoritmos também ajudam a definir as próprias produções culturais.
Desde os seus primeiros conteúdos originais, a Netflix utiliza os dados coletados na plataforma para decidir quais programas e filmes produzir, quais devem ou não ser renovados e com quem eles devem ser compartilhados. Segundo a companhia, no caso de House of Cards, o primeiro grande hit original da plataforma, a companhia já esperava que a produção seria um sucesso, justamente porque o seu algoritmo havia previsto a popularidade do conteúdo entre os assinantes. Antes mesmo de criar o roteiro, a tecnologia da plataforma indicou o interesse de muitos espectadores por produções com temática política e informou, inclusive, que David Fincher era o nome ideal para produzir e dirigir a série. Mas, nem tudo são “flores” quando se discorrer sobre os algoritmos. Yuval Noah Harari historiador e autor de best-sellers como Sapiens: Uma Breve História da Humanidade e 21 Lições para o Século 21, é crítico sobre a influência dos algoritmos na cultura. “Eles têm o poder de manipular seus sentimentos e substituir completamente as suas decisões. No TikTok e no Facebook, é um algoritmo que decide quais mensagens receberão mais atenção. E isso molda a opinião pública, a cultura humana”, disse recentemente em entrevista ao jornal espanhol La Vanguardia. Estar ou não estar na bolha do algoritmo é um desafio diário que temos o deve de “furar”.
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