COLUNAS - ECONOMIA


A cultura e desenvolvimento econômico
03/05/2023 00:00:00

A cultura, tratada por muitos como secundária, geralmente só lembramos dela em tempos de feira do livro, semana farroupilha e algum esporádico show musical. Mas ressalto, que a culturas tem peso na economia equivalente ao setor automotivo, por isso, merece políticas públicas sérias e não ideológicas. Em contraponto a cultura revela também uma incompreensão a respeito do papel do setor na economia do País. Lançada recentemente pelo Observatório Itaú Cultural, a plataforma de mensuração do PIB da Economia da Cultura e das Indústrias Criativas (Ecic) no Brasil constatou participação significativa do setor na economia nacional. Respeitando as especificidades da área, o cálculo leva em conta os salários dos profissionais, os lucros das empresas, os rendimentos diversos de empresas e indivíduos, o que inclui trabalhadores sem carteira assinada, e a renda gerada por meio da Lei Rouanet. Para se ter uma ideia, do tamanho da cultura, os setores de produção artística, patrimônio e economia criativa movimentaram R$ 230,14 bilhões, representando 3,11% do PIB (de R$ 7,4 trilhões). Naquele ano, a participação foi maior, por exemplo, do que a do setor automotivo (2,06%). Em 2020, os setores criativos empregaram cerca de 7,4 milhões de trabalhadores. Se analisarmos o período de 2012 e 2020, o PIB da Ecic apresentou certa volatilidade, com uma média de participação de 2,63% na economia nacional. Os números indicam que o setor segue uma tendência cíclica, acompanhando, entre outros fatores, o patamar de investimento público e a própria dinâmica do PIB nacional. De toda forma, “o setor parece apresentar certa estabilidade em termos de contribuição para a economia do País”, afirmou o Observatório Itaú Cultural, destacando o crescimento nos últimos anos, com média de aumento de participação no PIB brasileiro de 0,26% por ano. Segundo as evidências disponíveis, o fortalecimento do setor vincula-se à tendência de valorização do conhecimento, à maior demanda por criatividade e a alterações no padrão de consumo das famílias. Além dos possíveis impactos positivos sobre toda a atividade econômica, o estudo do setor da cultura e criatividade sob a perspectiva econômica é oportunidade para compreender novos padrões de consumo e paradigmas tecnológicos; por exemplo, a tendência observada em muitos países de uma crescente valorização do consumo de bens e serviços intangíveis (de valor subjetivo) em relação ao consumo de produtos. De forma cada vez mais intensa, a área da cultura e criatividade é alternativa potente e sustentável para a geração de renda, emprego e riqueza. Seria um imenso erro o poder público olhar o setor com lentes político-ideológicas, sejam quais forem suas cores. A cultura tem evidente caráter estratégico para o País, merecendo políticas públicas sérias, baseadas em evidências, e não em preconceitos.


Mateus Sangoi Frozza - Economista

Economista e Professor da Universitário.

Foi Coordenador dos cursos de Ciências Econômicas e Administração da Universidade Franciscana (UFN).

Secretário de Finanças no Município de Santa Maria (2019/2021).

CEO da Tride3 Consultoria e Treinamentos

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