COLUNAS - ECONOMIA


O que falar para a construção civil em 2023
11/05/2023 00:00:00
A construção civil em menor grau foi sim afetada para pandemia/lockdown. Veja no gráfico da esquerda a evolução das vendas de imóveis no Brasil (apartamentos mais casas) no acumulado em 12 meses (dados atualizados na semana passada pelo Banco Central e que vão até novembro de 2022). Com as pessoas forçadas a ficarem nas residências, a demanda por "troca" de imóvel cresceu de forma desproporcional. Saiu de uma média histórica de 720 mil unidades comercializas/ano para o recorde de pouco mais de 1 milhão. O mercado ficou por mais aquecido. Diversas imobiliárias contrataram novos corretores (profissão essa que passou a ser desejada por muita gente), ou seja, até quem não tinha habilidade, vocação ou vontade, virou corretor de imóveis, para de fato “surfar na onda” da compra e da venda.  Outro fato é que os cursos de "seja um bom corretor de imóvel" proliferam pela internet e até influenciador que atua na área ganhou milhares de seguidores. E para somar a tudo isso, as empresas de construção civil fizeram muitos lançamentos. Resultado? Com a falta de produto no mercado, os preços dispararam. Tinha que esperar dias para ter entrega de piso, tinta, móvel e etc. E o valor dos imóveis subiu em muitas cidades no Brasil acima da renda dos consumidores. Passou a ser normal imóveis valendo acima de R$: 200 mil o metro quadrado. E passado a euforia, o mercado voltando ao normal, onde as vendas tendem a voltar para um patamar de 720 mil unidades/ano. Este movimento por regra deve ter algumas implicações que listo para os leitores. 
 
1. As taxas de corretagem minguaram, afetando a renda dos que trabalham no setor.
2. Esse ciclo forçado pegou as empresas fornecedoras do setor no contrapé gerando alta de estoques, puxando os preços para baixo.
3. A lei do setor: "tudo o que é lançado vira emprego uns meses à frente", afetou o equilíbrio do mercado de trabalho, que reagiu a essa maior demanda cobrando salários maiores. Nos últimos meses passou a ser normal ouvir falar da "falta de mão-de-obra" na construção civil.
4. O grande número de lançamentos, tendo como base uma realidade que não é a normal, pode ter como consequência um aumento do estoque de imóveis e isso pode afetar os preços. Não se esqueça que o processo de urbanização no Brasil já é muito avançado e a população cresce menos de 1% ao ano.
5. A queda nas comercializações ocorre em todas as faixas de tamanho. No caso das unidades com 2 dormitórios (gráfico da direita), tirando 4 estados (Norte e Nordeste) todos os demais tem queda nesse grupo. Mas a surpresa maior é a queda das vendas de unidades com 4 ou mais dormitórios no DF e em SP, chega a 50%.
6. O que temos pela frente? Pois bem. Com juros altos, tanto no curto quanto longo prazo, a tendência é os financiamentos continuarem a minguar. A renda vai demorar a recuperar a capacidade de compra de imóvel, principalmente em unidades menores. Olhando as expectativas de consumidores, parece que a tendência, não é gastar mais.O setor foi apenas mais uma vítima econômica da pandemia/lockdown, que distorceu as estatísticas e pegou muitos consumidores e empresários de surpresa. O ciclo atual é de ajuste.

Mateus Sangoi Frozza - Economista

Economista e Professor da Universitário.

Foi Coordenador dos cursos de Ciências Econômicas e Administração da Universidade Franciscana (UFN).

Secretário de Finanças no Município de Santa Maria (2019/2021).

CEO da Tride3 Consultoria e Treinamentos

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