Segundo a empresa Comscore, empresa especialista em análise de dados e comportamento nas redes, os brasileiros são os terceiros maiores usuários de redes sociais no mundo, atrás apenas dos indianos e indonésios. A China por questões que atacam a liberdade de expressão não está nesta lista. No Brasil, passamos aproximadamente 356 bilhões de minutos nas redes no início de 2020 até o final de 2021. O território brasileiro desperta interesse das grandes plataformas digitais, como Google e Meta. Desta forma, o Laboratório de Internet e Mídias Sociais (Netlab) da UFRJ, em parceria com a organização internacional Global Witness, realizou uma série de estudos voltados para o monitoramento de anúncios na internet e a forma como estão sendo veiculados. Durante mais de um ano de pesquisas, a equipe concluiu que a falta de transparência e fiscalização adequada nestes impulsionamentos que leva à divulgação em massa de anúncios “de procedência duvidosa”. Segundo Carlos Eduardo Barros, coordenador de projetos e pesquisador assistente do Laboratório, a questão central está na mediação dos conteúdos, que é realizada pelos próprios algoritmos. Apesar de existir uma curadoria efetuada por especialistas, ele explica que, além de o volume de anúncios ser muito extenso, o que dificulta a filtragem, podem existir interesses financeiros não identificados, já que as plataformas recebem uma remuneração dos anunciantes. Um exemplo que elucido para os leitores é referente a um vídeo postado em 3 de janeiro de 2023 que convocava as pessoas para “sitiar” o Congresso Nacional após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nesse vídeo, aparecem imagens da Praça dos Três Poderes em Brasília e frases como: “Venha para Brasília! Vamos sitiar os três poderes!”. O conteúdo foi reproduzido mais de 18 mil vezes. Sete denúncias no Facebook foram registradas, mas os cinco revisores humanos da plataforma que avaliaram o conteúdo argumentaram que não violava as políticas da empresa e mantiveram o vídeo. Após um dos usuários recorrer da decisão e acionar o Comitê de Supervisão, a Meta admitiu o erro de ter mantido o conteúdo na rede. Outro exemplo são anúncios patrocinados falsos, voltados a golpes financeiros, que conseguem alcançar potencias vítimas a partir dos dados das plataformas. Nos dois casos as plataformas são uma espécie de ponte entre a vítima e o golpista, porque armazenam os dados nos usuários e direcionam os anúncios de acordo com o perfil a vítima. A importância da regulamentação das plataformas digitais se dá principalmente em torno da necessidade da transparência de dados. A sociedade em geral não tem total dimensão de como funcionam as veiculações de qualquer conteúdo nas redes e muito menos como são mediadas pelos algoritmos, desta forma, é preciso aprofundar o debate e discutir um mínimo de regulação.
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