OPINIÃO
A falsa produtividade
29/09/2021 08:58:17

Para ilustrar este artigo, vou contar uma história de personagens fictícios, mas tenho certeza que o leitor vai entender. Carolina é uma menina inteligente, nasceu numa família de renda alta. Em sua formação estudou em boas escolas e como consequência, entrou para uma universidade pública, para o curso de arquitetura. Formada, viu que os melhores salários iniciais de arquiteto estavam em média de R$ 3 mil, o que o fez optar por fazer concurso. Carolina, passou para o cargo de nível médio num tribunal com salário de R$ 9 mil, mais gratificações, aposentadoria integral, estabilidade, horas extras. O contribuinte custeou a formação de uma arquiteta e recebeu um arquivador de processos sobre remunerado, com estabilidade e com raríssimas chances de demissão.  Já Guilherme, não tem muito talento intelectual, mas sua família mesmo que desestruturada, pode pagar uma boa escola, o que lhe garantiu uma vaga no curso de direito em uma universidade pública. Carente de habilidades acadêmicas, Guilherme não se adaptou e mudou de curso, deixando para trás centenas de horas aula desperdiçadas e duas vagas que poderiam ter sido ocupas por outros estudantes que jamais terão acesso a Universidade pública. Foi, fácil para Guilherme desistir do curso, aliás nada pagou por eles. Após oito anos na universidade, Guilherme finalmente se formou em Biologia. Sonha em ter um emprego igual ao de Carolina e para isso iniciou cursinho preparatório para concursos públicos. Lá conheceu centenas de jovens formados em universidades públicas que ao irem para o mercado de trabalho aplicar os seus conhecimentos, estão em sala de aula decorando apostilas para conseguirem emprego público. O cursinho que Guilherme frequenta, Jorge é proprietário, um brilhante advogado que poderia contribuir para a sociedade, mas descobriu que ganha mais dinheiro, preparando candidatos ao serviço público. Um dos professores do cursinho de Jorge é Leonardo, que também abandonou sua formação universitária ao perceber que jamais exercerá a profissão original, ele pediu desfiliação do respectivo conselho, mas não consegue, porque Michele funcionária daquele conselho, tem como missão criar todo de estratégia para manter em dia a arrecadação. Nenhum dos personagens acima citados tem comportamento ilegal. Eles jogam o jogo de acordo com as regras, mas o erro está nas regras. Mudá-las requer superar as dificuldades das decisões coletivas. Não mudá-las implica continuar com profissionais e dinheiro público mal alocados, empregos improdutivos, potenciais inexplorados, gasto público excessivo, oportunidades perdidas, incentivos errados. Uma falsa produtividade. 

 

 

Prof.Mateus Sangoi Frozza

*Economista, consultor e professor da Universidade Franciscana (UFN).

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