Divulgado nessa quinta-feira (12), o mais recente levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aponta 37,1 milhões de toneladas de grãos na safra 2023-2024 do Rio Grande do Sul. O volume é 34,5% maior que o registrado no ciclo anterior e coloca o Estado em terceiro lugar nacional, atrás de Mato Grosso e Paraná.
O cenário é de recuperação no Estado, que produz 12,4% da safra nacional e se encaminha para ter a sua segunda maior colheita de grãos desde 1976, quando o órgão federal passou a contabilizar esses dados.
Todas as principais culturas do Estado continuam apresentando alta na produção. O crescimento é de 51% na soja, de 44,5% no trigo, de 30% no milho e de 3,3% no arroz. No que diz respeito ao tamanho das lavouras, o crescimento foi de 3,2% na área plantada com soja e de 4,4% na área com arroz. Já as áreas de trigo e milho tiveram redução de 10,6% e 2%, respectivamente.
Soja
Segundo maior produtor de soja no País, o Estado tem estimativa de 19,65 milhões de toneladas, em uma área plantada de 6,76 milhões de hectares. A produção poderia ser ainda maior, porém o excesso de chuvas em abril (apesar da colheita já apresentar 70% do total) prejudicou o desempenho das lavouras que já estavam em campo.
Por outro lado, as lavouras tiveram um bom suprimento hídrico durante praticamente todo o ciclo. De acordo com a Conab, esse fator permite projeções de uma boa produtividade para a oleaginosa.
Milho
O Rio Grande do Sul lidera a produção de milho na primeira safra, com quase 21% do total produzido neste momento. A Conab estima uma colheita de 4,85 milhões de toneladas do grão, em uma área de 814,9 mil hectares.
Outro fator que afetou o desempenho do cereal foram as fortes chuvas de abril, apesar do desempenho bem superior ao da safra passada, com produtividade de 5.952 quilos por hectare, 32,6% a mais que no ciclo 2022/2023.
Arroz
A produção gaúcha de arroz está estimada em 7,16 milhões de toneladas, numa área de 900,6 mil hectares. O Estado é o maior produtor no País, com uma fatia de 73,4% da produção nacional.
O período de semeadura foi longo, de setembro de 2023 a janeiro deste ano, inclusive com plantio fora da janela. Houve atraso na colheita em mais de 13% da área, causando perdas em quantidade e qualidade.
As chuvas em excesso prejudicaram o desempenho das lavouras em relação à safra passada e, com os impactos das enchentes, a produção no Estado teve baixa de pouco mais de 300 mil toneladas. Mas o aumento da área cultivada compensou a perda de produtividade, resultando em uma produção 3,3% superior à última safra.
Trigo
O Rio Grande do Sul também é o principal produtor de trigo do país. O estado deve colher 4,19 milhões de toneladas do cereal, numa área de 1,34 milhão de hectares. O levantamento de safra da Conab mostrou uma área menor do que o cultivado na última safra, mas uma boa produtividade, que foi fortemente impactada no final do último ciclo.
A falta de sementes em quantidade e qualidade, a alta suscetibilidade da cultura às perdas decorrentes de geadas e chuvas e o relato de baixa rentabilidade da cultura, por parte dos produtores, são apontados como principais motivadores da redução de área.
No início da implantação da cultura, houve atraso na semeadura devido ao excesso de chuvas, erosão e lixiviação de nutrientes e sementes, em virtude das chuvas torrenciais e recorrentes que prejudicaram inicialmente as lavouras. O desenvolvimento ficou aquém do esperado.
Mas as condições mais secas, que ocorrem desde a segunda quinzena de julho, propiciam boa condição fitossanitária às plantas. Em agosto houve dias ensolarados e chuvas espaçadas, suficientes para suprir as demandas hídricas e de radiação solar da cultura.
Cenário nacional
Já a safra do Brasil é estimada em 298,4 milhões de toneladas, uma redução de 6,7% em relação à safra passada. A queda é atribuída principalmente às chuvas com distribuição irregular no início do plantio (gerando atraso na semeadura) e às baixas precipitações durante parte do ciclo das lavouras nos Estados da Região Centro-Oeste, São Paulo e Paraná, sobretudo nas lavouras de milho da segunda safra e na soja.
Apesar de finalizar o ciclo 2023/2024, a Conab continuará acompanhando as lavouras que ainda se encontram em campo, como as de inverno e terceira safra. Os dados completos sobre o levantamento podem ser conferidos no portal conab.gov.br.
Marcello Campos / Jornal O Sul
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