De uma maneira geral a mídia deitou e rolou no resultado total do crescimento do PIB de 2023, divulgado pelo IBGE, que foi de 2,9%. Na verdade, ele foi muito semelhante ao de 2022 que registrou 3,00%. É muito importante dar uma olhada no caminho percorrido durante o ano, trimestre a trimestre, pois em economia os efeitos de medidas e comportamentos têm um determinado tempo para mostrar os seus efeitos, ou seja, os números positivos induzem resultados semelhantes. Como no final de 2022 os ventos eram favoráveis, os meses iniciais de 2023 surfam nas ondas. Detalhando os trimestres de 2023 é possível perceber o verdadeiro caminho que a economia percorreu. A economia brasileira cresceu no primeiro trimestre de 2023 cerca de 1,3% e no segundo 0,8% e depois, no terceiro e quarto trimestre, parou, com crescimento zero. Portanto o resultado de 2023 se deve basicamente ao bom funcionamento de 2022. Projetando este raciocínio é possível afirmar que neste início de ano a economia vai estar patinando, com dificuldade de crescimento. Hoje o mercado aposta num crescimento do PIB de 1,7% bem inferior ao registrado nos últimos dois anos. Qual será o resultado ao final do ano? Com certeza vai depender do desempenho da agropecuária.

O Brasil investe pouco.

É sabido que para um desenvolvimento sustentável é necessário um bom nível de investimentos. Os especialistas dizem que para este país gerar empregos seria necessário investir 24% do PIB de maneira permanente. Em 2022 a taxa de investimento no Brasil foi de 17,8% do PIB, e em 2023 caiu para 16,5%. O que já era pouco ficou ainda pior. Como exemplo de boas taxas de investimentos dá para citar a China que investe mais de 40% do PIB anualmente. Enquanto o Brasil permanecer com estas baixas taxas de investimentos os resultados de crescimento econômico serão medíocres, muito abaixo do potencial econômico do país.

Cortar gastos.

Infelizmente o que acontece hoje no setor público fornece poucas esperanças que esta equação seja resolvida. Como aumentar investimentos? É muito simples, bastaria o governo fazer um grande projeto onde seria necessária uma grande batalha para reduzir gastos, diminuindo o tamanho do setor público, para que viesse a sobrar dinheiro para investimentos. Ao contrário, hoje a luta é aumentar a receita para facilitar mais gastos e estes são basicamente direcionados ao consumo. Por outro lado, seria necessário buscar recursos externos que viessem através de investimentos diretos, mas para isto o país teria que demonstrar credibilidade. Hoje a insegurança jurídica no Brasil é bastante grande e o déficit público começa a assustar. No aspecto político o momento é de instabilidade numa verdadeira guerra entre poderes.  Estas são variáveis difíceis de serem alteradas no curto e médio prazo, portanto são poucas as chances de mudar o quadro atual, significando que o Brasil deve continuar com crescimento econômico medíocre e com voos de galinha.

Pense.

Acredite que você pode, assim você já está no meio do caminho.

Economista Harri Goulart Gervásio.