A ferramenta foi indicada na categoria Produtos e Inovação em Saúde do 17º Prêmio Ciência, Tecnologia e Inovação.
Pesquisa do Laboratório de Micobacteriologia da UFSM, coordenado pela professora Marli Matiko Anraku de Campos, desenvolveu o Teste Molecular Rápido para Tuberculose, ferramenta capaz de otimizar o diagnóstico da doença. O teste está entre os finalistas da categoria Produtos e Inovação em Saúde no 17º Prêmio Ciência, Tecnologia e Inovação para o SUS. A premiação reconhece o mérito de pesquisadores, professores e profissionais de todas as áreas do conhecimento, os quais seus trabalhos tenham contribuído de forma relevante para o SUS.
O estudo propõe uma ferramenta de alto impacto na vigilância e no tratamento da doença, com potencial de reduzir significativamente o tempo de detecção e ampliar o acesso ao diagnóstico, especialmente em regiões com infraestrutura limitada. A iniciativa busca atender à necessidade de diagnósticos mais ágeis, confiáveis e de baixo custo, facilitando intervenções precoces que podem salvar vidas e reduzir a transmissão da tuberculose. Segundo a pesquisadora, o teste se destaca pela combinação de sensibilidade e especificidade, além de simplicidade de uso, o que facilita a aplicação em unidades básicas de saúde e áreas rurais.
O anúncio dos vencedores será realizado somente durante a cerimônia de premiação, a ser realizada em Brasília, em data e local a serem posteriormente informados pelo Ministério da Saúde.
Como o teste funciona?
Docente do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas e do Mestrado Profissional em Ciências da Saúde da UFSM, Marli explica, de maneira didática, o funcionamento do teste: inicialmente, uma amostra de escarro, a secreção produzida nas vias respiratórias, é coletada do paciente. Na sequência, certos reagentes são adicionados à amostra em tubos de ensaio que serão aquecidos em um termobloco, ou conhecido como banho seco, um equipamento que aquece pequenos recipientes. Após cerca de uma hora, segundo Marli, será possível identificar se a amostra está contaminada com a bactéria da tuberculose.
A pesquisadora conta que essa identificação ocorre por meio de cores. "Essa reação que acontece é a chamada Colorimétrica, ou seja, quando há o aquecimento das amostras e não há o bacilo da tuberculose, a substância vai ficar rosa. Se ela estiver contaminada, o resultado fica amarelo ou alaranjado", descreve. "O resultado é dado pela multiplicação, causado pelo aquecimento, de cópias do DNA das bactérias", ou seja, se quanto mais cópias houver, mais amarelada será a cor da amostra ao fim do teste.
Além de otimizar o tempo de diagnóstico, Marli reforça outra característica positiva do teste: o baixo custo. Conforme ela, o SUS utiliza, atualmente, testes baseados em reação de cadeia da polimerase (PCR), modalidade que busca amplificar o DNA ou RNA de bactérias ou vírus, criando muitas cópias de uma sequência específica com o uso de reagentes importados. "Os cartuchos dessa reação possuem alto custo de importação, principalmente dos Estados Unidos. Esse Teste que desenvolvi foi criado inteiramente com tecnologia e reativos brasileiros. É mais acessível financeiramente e não exige um laboratório específico. Pode ser feito por pessoas capacitadas para fazer a reação", elucida.
O desenvolvimento do Teste Rápido iniciou em 2023, após Marli ter sido contemplada com uma verba do Programa Pesquisa Para SUS, iniciativa de fomento à pesquisa em saúde nas Unidades Federativas. "Depois daquela época, nós patenteamos o nosso Teste pois ele é diferente de alguns que estão no mercado. O nosso foi elaborado inteiramente com recursos já existentes no Brasil. Desde então estamos lutando para avançar cada vez mais nessa autonomia", frisa a docente.
A pesquisadora ainda destaca que a principal estratégia para o combate da doença é o início precoce do tratamento e, para ela, o Teste tem grande potencial nesse processo. "Hoje em dia, quando se suspeita de tuberculose, o protocolo é pedir um raio-x e a cultura do escarro. Esse segundo procedimento consiste em pegar essa amostra e aplicar em um ambiente propício para o crescimento do bacilo, caso haja bactéria. Porém, esse crescimento demora em torno de 20 a 60 dias, o que é incompatível com as necessidades do paciente. O Teste surge como uma alternativa a esses métodos tradicionais", explica.
Esse contexto evidencia ainda mais a importância de ferramentas mais rápidas, como o Teste desenvolvido por Marli. "Essa é a ideia, fazer um diagnóstico rápido porque o tratamento já é demorado. Em média, para a tuberculose, são 6 meses de cuidados e os medicamentos podem ser tóxicos se ingeridos em grande escala. Então, quanto antes descobrir, melhor é o resultado", alerta.
Caso o projeto seja contemplado com a verba do prêmio, Marli revela que o Laboratório irá tentar simplificar o sistema do Teste a fim de expandir o seu alcance. "Queremos deixar mais fácil de manusear e fazer com que essa ferramenta chegue em lugares mais distantes, até mesmo além de Unidades Básicas de Saúde. Tentaremos deixar esse produto qualificável para ser replicado a nível de indústria", prevê a pesquisadora.
Acesse a matéria completa: https://www.ufsm.br/2025/08/07/pesquisadora-da-ufsm-e-finalista-em-premio-com-teste-rapido-para-diagnostico-de-tuberculose
Arte gráfica: Pedro Moro
Fotos: arquivo pessoal UFSM
De Segundas a sextas:
• Das 9h às 12h e das 14h às 17h
Atendimento somente pelos telefones: