Depois de enfrentar o excesso de umidade em junho, o que provocou atraso no plantio, a triticultura gaúcha passa por um momento de recuperação em julho, pelo menos em relação ao avanço da semeadura. No mês passado, a tarefa estava concluída em 50% da área estimada, porcentagem inferior à registrada na mesma época de 2024, quando atingiu 69%. No sétimo mês do ano, avançou para 92% da área projetada, conforme o Informativo Conjuntural da Emater/RS-Ascar, superando o realizado na safra anterior no mesmo intervalo de tempo.
Em contrapartida, como salienta o diretor e coordenador da Comissão do Trigo e Culturas de Inverno da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Hamilton Jardim, o encerramento do trabalho ocorrerá em um período menos propício à lavoura do cereal, considerando as recomendações do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC).
“O período chuvoso fez com que muitos produtores se atrasassem, mas o plantio continua. Neste ano, vamos ficar com grande área do Estado, de regiões que tradicionalmente plantavam em junho, que é o mês preferencial, plantando em julho. Vamos conseguir fechar o calendário, mas em uma época não tão propícia para a cultura”, explicou Jardim.
O diretor da Farsul complementa que o frio, que se sucedeu aos dias chuvosos, é necessário para o perfilhamento da planta. Trata-se do processo em que são desenvolvidos os brotos laterais. “Não havendo tanto frio para dar condições ao desenvolvimento vegetativo no período ideal, os produtores terão que utilizar outra tecnologia, como a ureia”, acrescentou. Hamilton destacou que as regiões de Campos de Cima da Serra e a Metade Sul, em virtude da possibilidade de geadas tardias, ainda estão no período considerado ideal para a semeadura. Sobre a área de plantio, Jardim reforça que não deve ultrapassar 1,1 milhão de hectares no Rio Grande do Sul.
O engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar, Alencar Rugeri, afirma que as condições climáticas daqui por diante serão determinantes para os resultados da safra. Ele recordou que setembro e outubro costumam ser chuvosos.
“O que sempre se recomenda é um escalonamento do plantio, na janela adequada, com cultivares precoces, médias e tardias”, disse, complementando que a chuva interrompeu esse planejamento, além de promover aumento de custos.
Os gastos tiveram crescimento com a necessidade, por exemplo, de maior emprego de herbicidas no manejo de plantas daninhas.
Correio do Povo
De Segundas a sextas:
• Das 9h às 12h e das 14h às 17h
Atendimento somente pelos telefones: