
Nesta semana, forças de segurança de Santa Maria anunciaram tratativas para a implementação de uma Delegacia Especializada na Repressão aos Crimes Rurais e Abigeato (Decrab). A região central do Estado ainda não possui uma repartição especializada no combate aos crimes rurais e enfrenta problemas de segurança no campo, como o roubo de maquinários agrícolas, também de defensivos agrícolas, falsificação de sementes e o abigeato – o roubo de gado dos campos – que muitas vezes abastecem o comércio clandestino de carne sem procedência na região.
?Em linhas gerais, os dados divulgados pela Secretária Estadual de Segurança Pública (SSP), em setembro, são positivos. O Rio Grande do Sul vem registrando queda nos índices relacionados ao furto de gado e de insumos, como defensivos agrícolas. Só nos primeiros sete meses de 2025, a diminuição nos abigeatos foi de 10%, em comparação ao mesmo período de 2024, passando de 1.974 para 1.785 casos.
Muito disso se deve às Decrabs, que hoje são seis, localizadas em Bagé, Alegrete, Camaquã, Cruz Alta, Santo Ângelo e Santo Antônio da Patrulha.
Região Central
?Na região de Santa Maria, de janeiro a setembro deste ano, foram registrados diferentes tipos de crimes praticados em áreas rurais e em diversos municípios, como furto de defensivos agrícolas em Santiago, furto de gado do campo em Dilermando de Aguiar, assalto em propriedade rural de Cruz Alta, furto de gado em São João do Polêsine e o mesmo tipo de crime também em Júlio de Castilhos, São Martinho da Serra, São Gabriel e em pelo menos dois distritos de Santa Maria. Além de centenas de quilos de carne bovina sem procedência apreendidas em açougues clandestinos de São Pedro do Sul e Formigueiro no mês de agosto.
O que são as Decrabs
?As Decrabs são delegacias especializada na repressão aos crimes rurais e abigeato. As equipes trabalham com tipos de inteligências para mapear os crimes e as propriedades rurais e também operações mais ostensivas no campo.
A criação das Decrabs foi anunciada em agosto de 2017. Em abril de 2018, foi inaugurada a primeira em Bagé, na Região da Campanha.
Uma das pessoas especialistas em segurança no campo é a advogada e pecuarista Antonia Scalzilli. Também presidente do Instituto Desenvolve Pecuária, foi ela uma das pessoas responsáveis pela iniciativa de se criar dentro da Polícia Civil uma delegacia especializada no combate a esse tipo de crime.
– Em 2016, fomos buscar entender mais a fundo como era a segurança no campo do Estado. Naquela época, eram registradas cerca de 11 mil ocorrências de crimes rurais por ano. E quando se começou a traçar o perfil desse crime, percebeu-se que não se tratava de criminosos amadores, mas sim de organizações criminosas especializadas atuando na zona rural e, a partir disso, uma força tarefa começou a trabalhar e a conhecer esses criminosos e os tipos de crimes mais praticados – conta.
A partir da criação de mais Decrabs pelo Estado, indicadores apontam redução de mais de 80% da violência no campo. Isso porque, antes, as ocorrências eram registradas em delegacias gerais e o crime demorava para ser investigado. Com as Decrabs, o trabalho fica centralizado e com policiais treinados para esse tipo de situação. No entanto, a colaboração do produtor rural em reportar o seu dano à polícia contribui ainda mais para a resolução dos casos.
– Embora os indicadores apresentem redução dos crimes no campo, precisamos estimular o produtor rural a registrar a ocorrência quando o crime acontecer. O produtor tem que ser protagonista e não só a vítima. Ele precisa entender que o papel dele é fundamental no combate aos crimes no campo, e ele pode fazer isso investindo na segurança da sua propriedade, com câmeras de monitoramento, por exemplo, ou o contato direto com outros agricultores por meio de grupos de mensagens, mas também registrando o boletim de ocorrência, seja na delegacia ou de forma on-line – afirma Antonia.
?Os tipos de crimes
Antonia destacada os principais tipos de crimes que são cometidos na zona rural, sendo o mais comum o abigeato, mas as autoridades chamam a atenção para o roubo de defensivos agrícolas e de maquinários.
– É preciso diferenciar os crimes. No abigeato, o gado fica solto no campo e, muitas vezes, o produtor só vai dar falta dos animas dias, semanas ou até um mês depois e é um crime que não é violento, somente traz o prejuízo financeiro. Agora, o roubo de defensivos e maquinários, normalmente, por serem produtos mais caros, ficam mais próximos das sedes das fazendas e com isso acontecem episódios de violência e até com mortes. O perfil do bandido, nesse caso, é outro – diz a advogada.
7ª Decrab no Estado
?Para a especialista, a criação de uma Decrab em Santa Maria é estratégica, pois as análises feitas mostram que na região central do Estado há uma mudança de comportamento de crime. Enquanto outras regiões, como Campanha e Fronteira, registram mais furto de animais dos campos, por aqui o crime é outro, como o roubo de maquinários agrícolas em geral, principalmente os voltados à irrigação de plantações. A maioria na região de Júlio de Castilhos e em cidades da Quarta Colônia.
A Decrab de Santa Maria será a 7ª delegacia especializada nesse tipo de crime criada e irá atender uma macrorregião com cidades, como Santa Cruz do Sul, Lajeado e Cachoeira do Sul. A expectativa é de que até o final do ano ela comece a funcionar. Agora, os esforços estão concentrado na organização do local onde será a sede da delegacia, que deve ser em um prédio na Avenida Medianeira.
Por Pablo Iglesias - Bei
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