Taxas de juros são alvo de críticas
04/07/2025 12:22:37

As taxas de juros estão entre os principais alvos das críticas do setor agropecuário em relação ao Plano Safra 2025/2026, anunciado pelo governo federal nesta semana.

Dos R$ 516,2 bilhões previstos para o Plano Safra Empresarial, o governo controla o juro de apenas 22% dos recursos, ou R$ 113,8 bilhões. A maior parte dos recursos terá taxas pactuadas entre instituições financeiras e produtores e acompanharão as tendências de mercado. Mesmo os índices definidos pela política agrícola são apontados como uma preocupação pelos agropecuaristas, especialmente aqueles vinculados ao Safra Empresarial.

“No caso da agricultura familiar foram mantidos boa parte dos juros”, avalia o diretor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Bruno Lucchi, comparando com as taxas do ciclo anterior.

O dirigente, no entanto, salienta que ainda assim há “uma segmentação” do prêmio cobrado, com percentuais mais baixos para itens vinculados à cesta básica, à produção orgânica ou à socioeconomia. As taxas para a agricultura familiar variam, de acordo com Lucchi, de 2% a 8%. Para o Safra Empresarial, de 12% a 14%.

“É um juro bem mais caro, que não é culpa do Ministério da Agricultura ou do Plano Safra. Muito menos do Banco Central, mas, sim, da má condução da política econômica e de uma política fiscal completamente desastrosa”, afirma o economista-chefe da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio Da Luz.

Os encargos financeiros, limites e condições adicionais no crédito rural do Plano Safra 2025/2026 foram estabelecidos por meio de duas resoluções do Conselho Monetário Nacional (CMN). As resoluções foram aprovadas em reunião extraordinária na segunda-feira, 30, na mesma data em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentava o Plano Safra da Agricultura Familiar.

A divulgação das decisões ocorreu, no entanto, somente na tarde de terça-feira, 1º, depois da segunda solenidade dedicada ao Safra, desta vez contemplando a Agricultura Empresarial.

As mudanças

Aumentaram as taxas efetivas para créditos de custeio e comercialização (de 12% para 14% ao ano), créditos de investimento (de 10% para 12,5% e créditos a cooperativas de produção agropecuária (de 11,5% para 14%). No Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp), custeio e investimento, a majoração foi de 8% para 10%.

“Nos preocupa que haverá um distanciamento muito grande das taxas do médio produtor daquelas aplicadas à agricultura familiar”, comenta Lucchi.

As menores taxas serão aplicadas a financiamentos contratados por agricultores familiares do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), onde estão os produtos indicados por Lucchi, com percentuais de 2% e 3%. Também foram mantidas as mesmas taxas praticadas no ano agrícola 2024/2025 para itens de investimento e equipamentos e tratores, assim como para o Pronaf Floresta, Pronaf Semiárido, Pronaf Jovem, Pronaf Grupo 'B', Pronaf Agroecologia e Pronaf Produtivo Orientado.

Em contrapartida, foram ajustadas as seguintes taxas: de custeio para aquisição de animais destinados a recria e engorda e operações destinadas ao cultivo de milho que, somadas, ultrapassem R$ 25 mil (6,0% para 6,5% ao ano); custeio para cultivo de soja, algodão e bovinocultura de corte (para 8,5% ao ano); cooperativa da agricultura familiar, para atendimento a cooperados em projetos destinados à bovinocultura (6,0% para 8,0%); e demais itens de investimento (6,0% para 8,0%).

Nota da Aprosoja

Na avaliação da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), o Plano Safra 2025/2026 “vai ficar marcado pelas taxas de juros mais elevadas da história e pelo corte de recursos de apoio do governo para equalizar os juros do crédito e para a subvenção ao Seguro Rural, ferramenta que protege agricultores das frustrações de safra”.

A manifestação da entidade foi apresentada por meio de nota na qual salienta as elevações dos percentuais de juro nas operações do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp).

“No caso dos investimentos, produtores médios terão juros que eram de 8% indo para uma faixa de 8,5% a 12,5% ao ano, enquanto os demais pagarão até 13,5%”, afirma o texto.

A Aprosoja destaca que, para o custeio da safra, o apoio do governo será de R$ 3,9 bilhões, 32% menor do que os R$ 5,6 bilhões do ano anterior. O apoio, no caso, é representado pelo pagamento da diferença entre a taxa de juros de mercado e a taxa que o governo define para as linhas de crédito, seja de custeio e investimento.

“Com a taxa Selic fixada em 15%, o financiamento agrícola brasileiro será um dos mais caros do mundo”, prevê a entidade.

De acordo com o presidente da Aprosoja Brasil, Maurício Buffon, nunca se viu um Plano Safra tão aquém do que o setor esperava.

 

 

Correio do Povo

 

ACOMPANHE

|
|
HORÁRIOS DE ATENDIMENTO

De Segundas a sextas:

• Das 9h às 12h e das 14h às 17h

Atendimento somente pelos telefones:

(55) 9.9981-8101
(55) 9.9942-1802

JORNALISMO, PUBLICIDADE e ANÚNCIOS

(55) 9.9981-8101

jornalismo@farrapo.com.br

© 2025 PORTAL FARRAPO. Todos os direitos reservados.

Desenvolvimento: