RS foi o terceiro estado com mais afastamentos de trabalho por saúde mental em 2024
19/05/2025 09:01:15

A atual crise de saúde mental que atinge o Brasil e muitos países do mundo tem causado impactos no mercado de trabalho. O tema ainda enfrenta barreiras culturais que envolvem o preconceito em relação às questões de saúde psicológica.
Contudo, a discussão vem ganhando espaço na sociedade. Um dos principais motivos é o prejuízo que esse cenário vem causando nas economias globais.

Segundo dados da Plataforma Smart, iniciativa conjunta do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT) do Brasil, anualmente, a depressa?o e a ansiedade resultam na perda de 12 bilho?es de dias de trabalho, gerando um impacto econo?mico global de quase um trilha?o de do?lares (OIT-OMS).

Somente no ano de 2024, 471.649 pessoas receberam benefícios previdenciários no Brasil para afastamento do trabalho por motivos de saúde mental. Deste número, 9,8 mil casos de afastamento foram do tipo acidentário (B91), ou seja, devido a doenças ou acidentes comprovadamente decorrentes do exercício profissional.

No Rio Grande do Sul, foram 566 afastamentos por doenças ocupacionais. Foi o terceiro maior número do Brasil, atrás apenas de Minas Gerais e São Paulo.
Mas, segundo a psicóloga e professora adjunta do curso de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Valéria Thiers, os casos de doenças de saúde mental relacionadas ao trabalho, como o burnout, por exemplo, ainda são subnotificados.

“Muitas vezes o que a gente tem é uma subnotificação. A pessoa passa por isso e não recorre, porque entende como uma fraqueza pessoal, quando procura ajuda é porque está muito ruim. Tem muito julgamento pessoal e no trabalho, uma pessoa pode olhar para um colega de trabalho que está com depressão e não entender, julgar que isso é uma falha de caráter ou falta de vontade, tem um julgamento moral. Mas é bem o contrário, quando a gente fala que alguém entrou em burnout, justamente estou falando de alguém que entendia o trabalho como uma parte importante da vida”, afirma a psicóloga Valéria Thiers.
Burnout
O burnout ou “síndrome do esgotamento profissional” é um dos distúrbios emocionais causadores de afastamentos do trabalho por saúde mental.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu o burnout como uma doença ocupacional na CID-11, com o código QD85, em 2022.

“A gente se refere ao burnout como uma síndrome porque ela tem características de esgotamento físicas e emocionais. Tem várias características físicas e emocionais, daí o nome síndrome”, explica Valéria.


Em palestra durante a Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (SIPAT), Valéria Thiers afirmou que as pessoas afetadas pelo burnout costumam ser bons profissionais, que possuem um alto senso de eficácia e por isso aceitam sobrecargas de trabalho. A síndrome também está relacionada com a hipervalorização do desempenho profissional.
“É importante falarmos sobre isso nas empresas porque provavelmente as pessoas vivenciam isso e não conseguem nomear. Elas tendem a ler como problemas pessoais, se sentem tristes, desmotivadas, cansadas. Às vezes é mais fácil identificar uma questão de ansiedade ou um quadro de depressão e não vincular isso às condições de trabalho que contribuem para esse adoecimento. É importante abrir a conversa para entender que não é uma questão individual, mas uma questão inter-relacional das características do sujeito com a sua ocupação laboral”, pontuou a psicóloga.

O tratamento desta síndrome inclui o acompanhamento psicológico e psiquiátrico, podendo envolver medicamentos e o afastamento temporário do paciente de sua atividade profissional.

De acordo com a psicóloga, a detecção prévia das características que predispõem a pessoa ao burnout e a alteração do estilo de vida é fundamental para evitar o quadro e os danos causados por ele.

“A longo prazo essa sobrecarga dá problema. Imagina o celular com 10% de bateria, a gente corre para pegar o carregador ou pede emprestado para alguém, mas não deixa o celular morrer. No burnout a gente deixa. A gente não reconhece a necessidade de descanso como fundamental para manter qualidade de vida”, alertou a psicóloga.

 

 

Reportagem Vitoria Miranda - Correio do Povo

 

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