O mercado brasileiro de trigo encerrou a semana passada em compasso de espera, marcado por baixa liquidez e preços praticamente estáveis. A pressão da safra nova e da competitividade do produto importado, por outro lado, seguia no radar. As informações são de Safras & Mercado.
Segundo o analista Evandro Oliveira, os moinhos estão relativamente abastecidos e não demonstram pressa para recompor estoques.
“O cenário combina resistência do vendedor, importados mais baratos e expectativa de safra nova, o que mantém o mercado travado, com tendência de preços pressionados no médio prazo”, avaliou Oliveira.
No Paraná, os preços da safra nova variaram entre R$ 1.300 e R$ 1.330/t FOB interior e R$ 1.360 a R$ 1.400/t CIF moinhos, mas a pedida firme de R$ 1.400/t por parte dos produtores limitou os negócios. A safra velha manteve paridade semelhante, também entre R$ 1.350 e R$ 1.400/t CIF.
No Rio Grande do Sul, a safra velha foi negociada em torno de R$ 1.250/t FOB interior, com média em R$ 1.255/t, abaixo dos patamares paranaenses. Para a safra nova, operações futuras foram registradas entre R$ 1.150 e R$ 1.160/t, refletindo expectativa de preços mais pressionados no segundo semestre. “As divergências entre compradores e vendedores limitam o fechamento de negócios”, acrescentou Oliveira.
Do lado das lavouras, o desenvolvimento segue favorável, mas persiste o risco de giberela em metade das áreas gaúchas, além de incertezas climáticas nas próximas semanas.
Importação
O mercado também sente a pressão externa. O trigo importado foi cotado entre R$ 1.350 e R$ 1.400/t CIF, reforçando a competitividade frente ao produto doméstico. “Com o dólar em R$ 5,30, a paridade de importação segue favorecendo o produto externo e limita a reação dos preços internos”, destacou o analista.
Conforme Oliveira, no curto prazo, o viés é de estabilidade, mas com espaço para maior pressão baixista à medida que a colheita avance e as importações continuem a ditar a referência para os moinhos.
Safra em desenvolvimento
De acordo com o relatório semanal da Emater/RS-Ascar, divulgado nesta quinta-feira, 18, o cultivo de trigo no Rio Grande do Sul está em pleno desenvolvimento. Atualmente, 46% das lavouras estão em desenvolvimento vegetativo, 32% em floração e 22% em enchimento de grãos.
Segundo a entidade, as condições climáticas do período, caracterizadas por alternância de dias ensolarados e elevada umidade, bem como por precipitações expressivas em algumas regiões, favoreceram o crescimento vegetativo e a progressão das plantas para fases reprodutivas. O potencial produtivo é considerado positivo, com lavouras bem estabelecidas e perfilhamento adequado.
Ainda assim, o excesso de umidade em determinados locais aumentou a ocorrência de manchas foliares, ferrugem e oídio. Para garantir a sanidade das plantas e alto rendimento final, produtores têm priorizado aplicações fúngicas preventivas em intervalos reduzidos nas lavouras de maior potencial produtivo, principalmente em estágios reprodutivos, desde o emborrachamento ao início de enchimento de grãos. Nas áreas vegetativas, a adubação nitrogenada está em fase final, coincidindo com o alongamento do colmo.
Correio do Povo
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