OPINIÃO
Consumo para quem
23/08/2021 14:59:21

Compramos coisas que não precisamos, com dinheiro que não temos, para impressionar pessoas de quem não gostamos. Esta frase do filme Fight Club costuma vir à tona quando se fala de consumismo. Mas explica mesmo as razões pelas quais “compramos coisas”? Afinal, porque é que consumimos? Arrisco-me a dizer que consumimos, por desejo e este desejo por satisfação, aliás, ninguém faz “cara” de triste adquirindo algo. Pagar por algo, isso sim, pode envolver tristeza. Mas manter um comportamento racional ao passar o cartão de crédito, confessamos que é uma tarefa muito difícil. Por “falar” em desejo, ninguém passou imune ao desejo de ter uma mascara álcool gel e papel higiênico, em 2020 e 2021. Entre 16 e 22 de março, segundo levantamento da consultoria Kantar, o consumo de papel higiênico aumentou 211%, produtos para casa, 98%, e detergente 79%. Outro estudo, da empresa Nielsen, indicou crescimento considerável de venda de itens como antisséptico 623% e softwares 389%. Ficar em casa, nos permitiu observar de modo mais intenso o impacto do consumo, da energia elétrica necessária para o wi-fi, ao filé para o arroz e feijão de cada dia, do gás ou simplesmente lavar a roupa. No século 20, éramos uma sociedade da certeza: nascíamos, estudávamos no colégio, namorávamos, casávamos e na sequência, linear, vinham filhos, casa, carro, poupança. Dar certo na vida era ter título, diploma e bens. No século 21, diante da abundância de dados, da constante evolução tecnológica e das transformações sociais, foi-se a linearidade. O que legitima as conquistas mudou: o que é sucesso ou ser feliz para um, não é para outro. Os objetos de desejo mudaram, argumentam gestora de marketing Caroline Capitani, VP de design digital e inovação da consultoria Ilegra. Consumo vale lembrar, não quer dizer apenas o ato de comprar. É, na verdade, um processo sociocultural, segundo a antropóloga Lívia Barbosa, professora da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Começa antes da aquisição (já que envolve as condições de produção) e termina depois do descarte da mercadoria (seja o lixo, seja um bazar solidário ou outro destino final). Mas nem sempre é fácil negociar com nosso cérebro na hora de consumir, lembra o consultor Alexandre Michels Rodrigues, que pesquisa sistema de gamificação e neurociência aplicada no doutorado na Universidade Lusófona de Lisboa e ministra cursos como “Psicologia do Consumo” na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). “Temos racionalidade, mas também instinto. Isto é, negociamos o tempo todo com nosso corpo e nossos pensamentos diante dos estímulos de fora. É um confronto constante”, define. Mas nunca se esqueça de uma das regras de ouro da educação financeira, que diz: “quem planeja têm objetivos”. 

 

Prof.Mateus Sangoi Frozza

*Economista, consultor e professor da Universidade Franciscana (UFN).

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