ECONOMIA
Receita Federal detecta onda de novas versões do “Golpe do Amor”
14/11/2025 09:19:24

Têm aparecido, nas unidades da Receita Federal espelhadas pelo Brasil – para nossa sorte, não ainda em Caçapava do Sul – homens e mulheres reivindicando a retirada de itens “retidos na alfândega”, após o pagamento de taxas nunca bem explicadas.

Trata-se de um golpe novo na praça – não exatamente novo, mas repaginado. E sofisticado, paciente, bem elaborado. Feito para jogar com as fraquezas psicológicas das pessoas, em uma sociedade que é cada vez mais virtualizada e solitária.

 

Mulheres, cuidado

No esquema “clássico” do conhecido Golpe do Amor, mulheres são alvos de quadrilhas que criam perfis falsos – as vítimas, iludidas, acreditam estar conhecendo online um homem.

Através de conversas que evoluem gradualmente mais pessoais e apaixonadas, e do envio de fotos e até videos (todos falsos, copiados de outros lugares da internet), os golpistas envolvem incautas até que elas cheguem no ponto certo para um noivado – o noivado, online, a consumar-se assim que houver a chance do encontro presencial.

Aí, o “noivo” afirma estar enviando uma aliança. Um anel lindo, caro.

Um anel que – claro – fica “retido na alfândega”, segundo a narrativa criada pela quadrilha por trás do falso perfil. Aí a vítima paga as “taxas devidas”… e não há aliança alguma.

Nessa hora a mulher enganada aparece em algum posto de atendimento da Receita Federal, indignada, atrás de seu precioso anel. A guia de cobrança da “taxa” é sempre falsa, destinando o dinheiro a contas particulares.

 

A versão masculina

A modalidade mais frequente neste momento tem como alvo os homens. A ideia básica é a mesma: uma mulher solitária, em um país estrangeiro, adentra o perfil de rede social do incauto e “se apaixona” por ele.

O jogo psicológico, claro, é diferente: a maioria dos homens costuma achar que é seu papel comprar anéis de noivado, e não faria sentido a “estrangeira” enviar um. Então, os golpistas apelam para o instinto masculino de proteção.

A “moça” que entra em contato apresenta-se como uma médica que está no Afeganistão, numa missão da ONU, da Cruz Vermelha, do Médicos Sem Fronteiras, algo do tipo. Diz estar cansada da guerra e da vida que leva.

Ao final, afirma ter mandado suas coisas – a bagagem – e que logo embarcará para estar ao lado da vítima.

É aí que a mala – oh, surpresa! - fica “retida pela alfândega”. E o golpe consuma-se com a emissão de uma “guia de pagamento” fraudulenta.

 

Variação com apelo à ganância

Tanto homens como mulheres têm sido vítimas ainda de uma variação destes golpes: nela, o apelo ao desejo e à ilusão amorosa ganha o reforço de uma isca fácil para a ganância: a pessoa supostamente “no estrangeiro” envia não um anel ou suas bagagens, mas uma mala com todo o dinheiro juntado nos últimos anos.

“Aqui pagam toda a comida e dormimos no alojamento, guardei todos os meus salários dos últimos anos, e estou te enviando.”

A vítima, entusiasmada com a ideia de colocar as mãos em uma dinheirama “retida pela Receita Federal”, paga a “guia de recolhimento” e cai no golpe.

 

Armadilha psicológica

Estes golpes têm mirado principalmente em pessoas mais velhas – senhores e senhoras solitários, isolados de círculos sociais que poderiam alertá-los sobre a possível (provável, até evidente) falsidade dos perfis criados pelas quadrilhas.

Muitas dessas pessoas aparecem nas unidades de atendimento da Receita Federal para reclamar os itens cujo desembaraço aduaneiro pensam ter pago, ainda convictas de que o governo brasileiro está interpondo-se em uma história de amor verdadeira.

Por vezes, os mais idosos vão acompanhados dos filhos e, tendo passado semanas a conversar com perfis falsos, apegam-se à ideia de que sejam verdadeiros. Agarram-se às ilusões que tornaram-se, em seus corações, tão caras e preciosas. Isso torna o atendimento desses casos especialmente difícil.

 

Fique alerta

Se você, ou alguém que você conhece – especialmente gente mais velha, ou pouco acostumada a distinguir conteúdo verdadeiro de imagens geradas em IA – recebeu convite em redes sociais de alguém de cuja identidade não faça ideia…

… especialmente se for de alguém que diz morar fora do Brasil, e ainda mais destacadamente se o perfil parecer atraente mas genérico…

Atente-se, desconfie, jamais assuma compromissos sem um encontro presencial, e jamais pague qualquer guia recebida. A Receita Federal NÃO envia DARFs e outros documentos de arrecadação pelo Whatsapp, por e-mail, ou por aplicativos de mensagens atrelados a redes sociais.

 

 

 

 

 

 

Fábio Burch Salvador

Assistente Técnico Administrativo - MF

Agente da Receita Federal em Caçapava do Sul - RS

Representante substituto da Cidadania Fiscal - DRF Santa Maria - RS

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